Certos sinais vitais indicam que há vida no corpo humano. Se a velocidade cardíaca em repouso é de cinqüenta a setenta pulsações por minuto; a pressão sangüínea 120/ 80; a taxa de colesterol é inferior a 200; e a temperatura, 37° C, pode-se estar razoavelmente seguro de que o corpo se encontra em bom estado de saúde. Nas Escrituras a Igreja de Cristo é comparada ao corpo humano. A interdependência dos órgãos, dos membros e dos sistemas do corpo ilustra a íntima relação de funcionamento e unidade da Igreja. Será que há, portanto, sinais vitais similares de uma igreja sadia e que cresce? Pode-se tomar o pulso de uma congregação para determinar se ela está viva? Creio que sim, e sugiro cinco sinais vitais de uma igreja que cresce.

Sinal Vital Nº 1: Um pastor espiritual com fé dinâmica e visão evangelística. A pessoa-chave em toda a experiência de crescimento da igreja é o pastor. A igreja com um pastor que acredita ser da vontade de Deus que sua igreja cresça, e que o propósito da igreja é redimir, verá crescimento. Se o crescimento da igreja é meramente uma das numerosas opções ou serviços congregacionais, ele será inconsistente e esporádico.

“A Igreja opera de muitas maneiras diferentes; no entanto, jamais deve olvidar sua tarefa primordial e insubstituível: conduzir filhos perdidos de volta à casa do Pai. Conquistar os perdidos é uma função fundamental por cujo intermédio a Igreja é recriada. A Igreja, tanto como indivíduos como organizações, está continuamente morrendo. A menos que seja recriada pela conquista dos perdidos, ela deixa de prestar seu maior serviço à humanidade, e logo não haverá igreja!” — Ten Steps to Church Growth, Donald A. McGavran e Winfield Arn, pág. 32.

Todo pastor que é sensível à

orientação do Espírito Santo, que leva a sério a autoridade da Bíblia e que ora de modo inteligente e sistemático sobre sua liderança evangelística conseguirá dispor suas prioridades para habilitar sua igreja a crescer. O pastor deve permitir que o Espírito Santo ateie em sua alma o amor pelo evangelismo, pela penetração e pela conquista de almas.

A despeito de muitas dessemelhanças em outros aspectos, todas as igrejas que crescem na América têm pelo menos um elemento comum: um pastor a quem Deus está usando para que ocorra esse crescimento.

W. A. Criswell, da Primeira Igreja Batista de Dallas, Texas, atribui o crescimento de sua igreja à pregação expositiva; no entanto, Robert Schuller, de Garden Grove, Califórnia, raramente prega um sermão expositivo. Suas mensagens sobre determinados temas transmitem o pensamento da possibilidade.

James Kennedy, cuja Igreja Presbiteriana de Coral Ridge, na Flórida, cresceu de 17 para 2.500 membros em apenas doze anos, atribui esse aumento à visitação de casa em casa e ao evangelismo pessoal.

Stephen Olford, em Nova Iorque, penetra nos apartamentos de prédios de grande altura por meio da televisão. Richard Halverson acha que desenvolver pequenos grupos Koinonia em Washington, D. C., facilita o crescimento.

A conclusão é que, embora possam ser estabelecidos alguns princípios fundamentais que tendem a promover o crescimento, o pastor cuja alma está imbuída do ardente desejo de ver a salvação de homens e mulheres perdidos, o pastor que tem suficiente fé para crer que grande número de pessoas em sua comunidade podem ser ganhas para Cristo, o pastor que sente que Deus quer despertar sua igreja para a ação por meio de seu ministério, verá sua igreja crescer.

Sinal Vital Nº 2: Membros bem mobilizados e organizados. No verão de 1981 passei cinco semanas numa grande campanha evangelística nas Ilhas Filipinas. Durante esse curto período, centenas de pessoas assistiram às nossas reuniões e foram batizadas mais de duzentas almas. De 1910 a 1960, a Igreja Adventista do Sétimo Dia desenvolveu-se lentamente nessas ilhas. Em 1960 havia 75.000 membros nessa região. Mas nos vinte anos que decorreram depois disso, a Igreja experimentou um importante surto de crescimento no qual o número de membros subiu vertiginosamente para 255.000. Em sua análise, o Dr. Herman Reyes, do Seminário Teológico da Divisão do Extremo Oriente, coloca os “esforços dos membros leigos” em primeiro lugar entre os fatores que mais contribuíram para esse crescimento (45,7% das pessoas que responderam a um questionário indicaram ser este o principal fator na sua conversão).

Permanece, porém, a importante questão: Como os leigos podem ser inspirados, adestrados e equipados para dar testemunho? Durante alguns anos preguei o que julgava ser emocionantes sermões sobre o ato de dar testemunho. Eu proclamava: “Ide”, mas a maioria das pessoas não ia. Eu repetia as palavras de Jesus: “Vós sois as Minhas testemunhas”, mas a maioria não testemunhava. Pregava sobre esta passagem de Isaías: “A quem enviarei?”, mas a resposta não era: “Eis-me aqui, envia-me a mim.”

Por volta desse tempo, li um livro escrito por Dave Wilkerson, pastor de um igreja suburbana em Philipsburg, Pensilvânia, no qual ele descrevia sua frustração e desapontamento por causa da dificuldade de levar seus membros a testemunhar. Parecia que jamais conseguiría impeli-los a labutarem para Deus. Todos os seus incentivos e sermões não surtiam efeito. Finalmente, ele atinou com a raiz do problema. Sua igreja só se empenharia num dinâmico programa de evangelismo se ele também o fizesse. Reservou, portanto, todas as noites de terça e quinta-feira para dar testemunho. Visitando canchas de jogo de boliche e pizzarias em todas as partes de Philipsburg, ele se pôs a pescar para o Senhor. Seus conversos começaram a freqüentar a igreja. Experiências recentes na arte de testemunhar tornaram-se uma parte regular do culto semanal. Testemunhos de vidas transformadas entusiasmavam a congregação. Dave Wilkerson não estava mais recomendando que os membros fizessem o que devia ser feito; ele era um vivo exemplo da maneira de efetuá-lo. Como resultado, sua congregação animou-se. Esse era também o método de Cristo, o qual ensinava a Seus discípulos pela associação com sua própria Pessoa. Eles não somente ouviam falar do evangelismo, mas viam como era posto em prática.

Quatro passos bem simples caracterizavam o programa de preparo dirigido por Jesus: 1) Ele partilhava com Seus discípulos a centralidade de Sua missão e lhes ensinava como ser testemunhas. Eles aprendiam a teoria da arte de testemunhar. 2) Levava Seus discípulos consigo às cidades e aldeias em que dava testemunho. Eles observavam Sua maneira de proceder. 3) Enviou-os de dois em dois, numa experiência pessoal no setor de atividade. Eles punham em prática o que Jesus lhes ensinava. 4) Ele avaliava o progresso dos discípulos e fazia sugestões. Eles Lhe davam informações e continuavam a aprender. S. Mateus 4:19 sintetiza o método de preparo usado por Cristo. Acenando para as pessoas escolhidas como Seus discípulos, disse Jesus: “Vinde após Mim, e Eu vos farei pescadores de homens.”

Você quer que sua igreja cresça? Estimule e promova a iniciativa da parte dos membros leigos. Adestre os leigos para o testemunho e serviço.

Sinal Vital Nº 3: Um ministério diversificado e integral que atraia a todos os segmentos da comunidade. Já notou a ampla variedade de pessoas que iam ter com Jesus, e como Ele Se dirigia a elas de diversas maneiras? Por exemplo, veja o contraste entre Nicodemos (S. João 3) e a mulher junto ao poço (S. João 4) . O primeiro era um homem rico e instruído; a outra pessoa era uma mulher pobre e sem cultura. O primeiro era um insigne judeu; a outra pessoa era uma desprezada samaritana. O primeiro era religioso, e foi ter com Jesus à noite; a outra pessoa não parecia ter interesse em assuntos religiosos, e se encontrou casualmente com Jesus, ao meio-dia.

Jesus Se dirigiu a Nicodemos fazendo-lhe um apelo espiritual direto: “Importa-vos nascer de novo.” Ele dirigiu-se à mulher junto ao poço por meio do contato social. Pediu-lhe simplesmente um pouco de água para beber. S. Mateus 9:35 apresenta a maneira completa de Jesus aproximar-Se de Seu mundo: “E percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades.”

A ampla variedade de métodos usados por Jesus e Seu interesse por todas as dimensões de uma pessoa — física, mental e espiritual — atraíam multidões de pessoas para Ele. Ellen White confirma esse princípio de métodos de aproximação diversificados, para o crescimento da Igreja, nestas palavras: “Alguns são atraídos por um aspecto do evangelho, outros por outro aspecto. Somos instruídos por nosso Senhor a trabalhar de tal maneira que todas as classes sejam alcançadas.” — Medicina e Salvação, pág. 327.

Em toda comunidade há níveis de interesse. A grande maioria talvez não esteja preparada para atender a uma tentativa de aproximação espiritual direta; por conseguinte, quando as igrejas recorrem ao ministério integral elas satisfazem prementes necessidades e despertam continuamente o interesse das pessoas. Contudo, a principal responsabilidade das igrejas é o ministério em prol daqueles nos quais o Espírito Santo já produziu receptibilidade. Este grupo deve absorver a maior parte do tempo das igrejas.

Um ministério diversificado e integral conduz naturalmente ao próximo indício de vitalidade na igreja:

Sinal Vital Nº 4: Um plano-piloto muito bem elaborado e organizado. Recentemente voei para Chicago após um seminário sobre crescimento de igreja no Maine. Na poltrona ao meu lado sentou-se o vice-presidente da Anaconda Copper Company. Enquanto viajamos juntos, debatemos os elementos que contribuem para o êxito em qualquer empreendimento no âmbito religioso ou comercial. Ele afirmou: “Em nossa companhia, os presidentes, os vice-presidentes e todos os diretores precisam apresentar cinco objetivos para o próximo ano, bem como planos bem organizados para alcançar esses objetivos.”

Na administração, o alvo ou objetivo precisa ser mensurável. Assim também, uma igreja que cresce, como um negócio em expansão, deve desenvolver alvos mensuráveis e atingíveis, e elaborar esmerados e meticulosos planos para alcançá-los.

Uma de minhas atuais responsabilidades é promover o crescimento em igrejas situadas em volta do Instituto de Conquista de Almas da União do Lago, do qual sou o diretor. Há dois anos nossa instituição foi responsável pelo estabelecimento de uma igreja numa nova região de Chicago. No fim de 1980, essa igreja se compunha de aproximadamente noventa membros. Durante os últimos meses do ano, a comissão da igreja se reuniu a fim de estabelecer alvos para o próximo ano. Desenvolvemos três alvos básicos para 1981. Visto que nos estávamos reunindo numa pequena capela alugada, nosso primeiro alvo foi encontrar um novo local para a igreja, quer por meio de compra, de planos para construir ou alugando outro imóvel. O segundo alvo era aumentar o número de membros para 175 até o fim de 1981: e o terceiro, envolver cinqüenta por cento de nossos membros nalguma forma de penetração evangelística.

Para alcançar esses três alvos, nomeamos uma comissão de construção, a qual se reuniu com regularidade, e encontrou um novo local. Na ocasião em que escrevi este artigo, pretendíamos mudar-nos para lá dentro de três semanas. Começamos uma série de programas de penetração. O número de mem-bros subiu para 105, e no último fim-de-semana a assistência era de 160 a 170 pessoas, com cadeiras no corredor da pequena capela. Com vistas ao terceiro alvo, a igreja foi dividida em grupos, está havendo aulas sobre dar testemunho, e não falta muito para cinqüenta por cento de nossos membros se acharem empenhados na conquista de al-mas. Em três anos, nosso alvo é que essa igreja se componha de 250 membros, tenha seu próprio templo e penetre nas comunidades situadas ao sul, para estabelecer outras congregações.

A fim de estabelecer alvos mensuráveis, é necessário fazer algumas perguntas fundamentais: Qual é atualmente o número de membros de nossa igreja? Qual foi o nosso crescimento durante o ano passado? e nos últimos cinco anos? Qual é o nível de crescimento que desejamos atingir daqui a um ano? Quais são nossos alvos específicos, este ano? Em que consistem as prioridades da igreja?

Igrejas pequenas (e a maioria das igrejas pertencem a esta categoria) tendem a ir tropeçando de crise em crise. As reuniões da comissão tratam de tais assuntos como estes: “Que devemos fazer com o encanamento que está vazando?” “E com o teto que está apodrecendo?” “Como podemos equilibrar o orçamento da igreja?” E assim prossegue a longa série de problemas. Em vez de concentrar a atenção no grande número de pessoas que estão perdidas, e procurar alcançá-las, a igreja tende a tornar-se introvertida e egocêntrica. É mister haver planejamento criativo para sair desse casulo. Todo membro da igreja deve ser adestrado nalgum sistema regular de atividade. Você quer que sua igreja cresça? Elabore planos bem definidos! Que deseja realizar na segunda metade deste ano? E na primeira metade do próximo ano? Seja específico. Reúna a comissão da igreja. Examine o calendário. Defina seus programas. Planeje os seus programas e seja meticuloso em sua execução.

Você quer que sua igreja cresça? Estabeleça um alvo pela fé. Coloque o alvo e as medidas subseqüentes em ordem lógica. Divida o cumprimento em etapas. Nomeie comissões. Acompanhe a designação das tarefas e supervisione a implementação.

Sinal Vital N? 5: Dar prioridade à conquista de almas. Igrejas que crescem são as que desejam crescer. Sua suprema paixão é a conquista de almas. Igrejas que crescem são as que compreendem claramente a missão de Cristo enunciada em S. Lucas 19:10: “buscar e salvar o perdido”. Igrejas que crescem são as que reconhecem sua missão redentora; elas olham para o mundo através da cruz de Cristo e percebem que os homens e as mulheres sem Cristo estão perdidos e destinados à condenação eterna. A igreja que reconhece claramente qual é sua missão na comunidade fará, portanto, planos bem definidos e os porá em execução.

Só o planejamento é como um carro sem motor, ou como um refrigerador que não é ligado à tomada. E necessário ter viva relação com o Cristo amoroso para sentir Sua solicitude pelas almas. Eis como Lucas descreve a atitude de Cristo para com os perdidos: “Quando ia chegando, vendo a cidade, chorou.”

S. Luc. 19:41. As igrejas que crescem se aproximam das pessoas e se encontram com elas nas atividades diárias da vida. As igrejas que crescem sentem que o mundo está perdido. As igrejas que crescem têm mais profundo amor pelos perdidos do que por seus próprios e insignificantes problemas; sentem que o grande encargo de Cristo é a redenção dos perdidos.

Jesus Se preocupa com as almas. Ele sente a dor de toda vítima de câncer que definha no hospital. Experimenta a tristeza de toda mulher cujo marido a abandonou por causa de alguma outra. Partilha do pesar de toda mãe cujo filho nasceu com uma deformidade. Experimenta o horror de milhares de refugiados em toda guerra. De um modo que você e eu jamais poderemos compreender, Jesus suporta a angústia, a tristeza e o pesar de toda a raça humana. Portanto, para Seu povo, ser semelhante a Ele e carregar os Seus fardos significa ir em busca dos perdidos, comunicar o evangelho de Cristo e vê-los finalmente salvos no reino de Deus.

Uma igreja com esta visão e propósito terá todos os sinais vitais de saúde e crescimento.

Mark A. Finley, diretor do Instituto de Conquista de Almas da União do Lago, Chicago, Illinois.