Walter Schubert

EM certa assembléia ministerial, um dos presentes se expressou da seguinte forma: “Não creio no evangelista fulano de tal. Êle trouxe para a minha igreja 105 almas, mas agora, decorridos dois anos, só permaneceram 20.” Outro pastor lhe res­ pondeu à guisa de contestação: “É muito estranho isso, pois o mesmo evangelista trouxe para a minha igreja 120 almas, e graças a Deus, apenas 6 se per­ deram. Os restantes 114 continuam fiéis ao Senhor.”

A que se deve esssa diferençar Ao fato muito claro de uma das igrejas haver cuidado dos conver­ sos, ao passo que a outra não cumpriu sua responsabilidade dc pastorear as ovelhas recém-nascidas na grei do Senhor.

Há sem dúvida igrejas infiéis, assim como há membros que o são. E nessas igrejas perdem-se muitos conversos bons por falta de cuidado pastoral, amor fraternal e compreensão da parte dos membros.

De acôrdo com a declaração de São Paulo que se encontra em 1 Cor. 3:1, os novos conversos são “meninos em Cristo.” Subentende-se que os meni­ nos necessitam de certos cuidados, como também de alimentos adequados à sua tenra idade. Requerem-se planos para êles, e muitas vêzes isto significa sacrificar-se por êles. De igual forma, nenhuma igreja consciente pode esperar dos recém-batizados a perfeição na vida cristã e a santidade que devem caracterizar os membros que militam na verdade há muitos anos. Não obstante, o candidato não deve ser batizado sem que saiba tudo quanto é necessá­ rio para ser discípulo fiel do Mestre, e se disponha a praticá-lo também.

Nenhum neófito esfriaria ou abandonaria a igre­ ja se nela encontrasse ambiente agradável, amor fraternal, calor e bondosa compreensão. Uma igre­ja pode ser eficiente em sua organização, finanças e programa, mas se lhe falta o essencial: compreisão e amor às almas, como o teve Jesus, não saberá cuidar dos “meninos em Cristo” que entram em seu seio por meio do batismo, para que os mesmos possam crescer na graça do Senhor e chegar a adul­tos na verdade, e colunas na igreja.

Para alcançar isto, os recém-batizados devem ser visitados uma vez por semana nos dois meses seguintes ao batismo. Depois disso uma vez cada duas semanas durante os dois meses seguintes, e uma vez por mês nos seis meses subseqüentes. É verdade que, sozinho o pastor não poderá cumprir êste plano. Todavia pode delegar esta responsabilidade a certos membros consagrados, bondosos e judiciosos, pouco amigos de criticar e condenar os neófitos por erros que possam cometer, e movidos do sincero desejo de ajudá-los a vencerem tentações e provas, como a possível perseguição. Estas visitas visam ao seguinte, em relação aos novos:

1. —A importância dc orar pelo menos três vêzes ao dia, em horas certas e determinadas, para adorar a Deus e pedir-Lhe fôrças espirituais que os ajudem a vencer as tentações e a indiferença, e sair triunfantes de tôdas as lutas da vida. Convém terminar com uma breve oração essas visitas, e pe­ dir aos da casa que orem também.

2. — Fomentar o amor ao estudo da Palavra de Deus, familiarizando-os cada vez mais com o Sagrado Livro. Deve-se animá-los a ler todos os livros tanto do Novo como do Velho Testamento, a fim de compreenderem cabalmente os princípios funda­ mentais desta carta de amor de Deus à humanidade.

3. — Animá-los também a ler os livros do Espírito de profecia. Convém sugerir-lhes a leitura de alguns parágrafos de livros como “Vereda de Cristo”, “O Desejado de Tôdas as Nações” e “Testemunhos Seletos”, durante os cultos matutino e vespertino da família, para que recebam consôlo e ânimo na vida cristã.

4. – Recomende-se-lhes também a leitura de “Revista Adventista”. A irmã White disse que a leito ra dessa revista é uma arma muito eficaz contra a apostasia.

Oxalá, tanto o ministério como os oficiais da Igreja considerem a necessidade de tratar os novos conversos como nos é indicado no Espírito de profecia, na página 265 do livro Evangelismo: “Os atos pre cipitados e a falta de consideração revelam ausência de senso e induzem a erros. O que é mais de lamentar, porém, é que os jovens conversos serão

prejudicados por esta influência, ficando abalada a sua confiança na causa de Deus.”

Os novos conversos poderão cometer erros, uma vez que para êles tudo é novo, e as vêzes se esquecem. Pode acontecer, também, que alguns pontos não lhes foram explicados de maneira bastante clara, como aconteceu no seguinte caso: Um sábado de manhã certo irmão apareceu na igreja com um jornal na mão. Alguns irmãos críticos logo o consideraram candidato à apostasia. Quando o pastor da igreja com êle falou de maneira bondosa, e lhe fêz ver que devia guardar fielmente o sábado, êle confessou que ignorava estar a leitura de jornais incluída na verdadeira observância do sábado. Prometeu ao mesmo tempo com todo o prazer, não mais incorrer em semelhante falta no futuro. Se porém alguns dos irmãos do tipo admoestador lhe houvessem falado de maneira severa, o mais certo e que essa pessoa se teria retirado da igreja para nunca mais a ela voltar.

Em casos como o precedente, devemos agir de acôrdo com as seguintes palavras do grande apostolo Paulo; ‘Mas nos. que somos fortes, devemos suportai as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos. . . . Portanto recebei-vos uns aos eu tros, como também Cristo nos recebeu para glória de Deus. Rom. 15:1 e 7. “Irmãos, se algum ho mem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado.’ Gál. 6:1.

O pastor A. C. Archibald escreveu o seguinte num de seus livros; “Os homens não permanecerão fiéis a nenhuma pessoa ou instituição, a menos que nela encontrem um significado ou propósito suficiente­ mente grande como que em desafio a sua alma.” Convém ponderar êste pensamento. A igreja e seus dirigentes deveriam conduzir-se, em tôdas as coisas da vida, de maneira tal que os novos crentes pudessem ver sempre na instituição da “casa de Deus” a “porta do Céu.” Quando um neófito encontra na igreja compreensão e amor fraternal, interêsse em seus problemas e alimento para sua alma sequiosa, nunca pensará em abandoná-la.

As igrejas devem saber levar as cargas dos “meni­nos em Cristo” alimentando-os cum a Palavra de Deus, até que cresçam e cheguem, passo a passo, à estatura do Senhor.

Escutemos a admoestação de Deus: “Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastôres as ovelhas’ Comeis a gordura, e vos vestis da lã: degolais o cevado; mas não apascen­ tais as ovelhas. A fraca não fortalecestes, e a doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a desgarra­ ria não tornastes a trazer, e a perdida não buscastes, mas dominais sôbre elas com rigor e dureza. Assim se espalharam por não haver pastor.” Ezeq. 34:1-5.